Chamado da Comissão

de Trabalhadores Condenados, Familiares e Amigos de Las Heras

 

Las Heras, Santa Cruz, 05 de novembro de 2015

 

12 DE DEZEMBRO: DIA INTERNACIONAL DE LUTA EM APOIO AOS TRABALHADORES PERSEGUIDOS, OS REFUGIADFOS POLÍTICOS, E CONTRA OS GENOCÍDIOS AOS POVOS QUE SE SUBLEVAM CONTRA A FOME, A INJUSTIÇA E O SAQUE

 

GANHEMOS AS RUAS DE TODO O MUNDO!

Companheiros/as:

Neste 12 de dezembro se cumprem dois anos da brutal condenação à prisão perpetua e cárcere que caiu sobre nós e nossas famílias. Lutamos para que se acabe com a repressão e a perseguição à operários que como nós, trabalhadores do petróleo de Las Heras, fomos condenados à perpetua pelo único “delito” de reclamar um salário digno e acabar com a flexibilização trabalhista. Por essa luta estamos à disposição da justiça dos explorados, e em qualquer momento podemos cair na prisão, enquanto apelamos à sentença.
Depois de anos de isolamento, rompemos o cerco e fomos apoiados por centenas de organizações operárias da Argentina e do mundo. Marchamos ao tribunal com delegações operárias e estudantis de distintos pontos do país, partidos de esquerda e organizações de Direitos Humanos. Junto a eles rodeamos o tribunal no dia da brutal condenação.

Desde de 2013 viemos impulsionado no dia 12 de dezembro uma Jornada de Luta por todos os trabalhadores e lutadores anti-imperialistas perseguidos no mundo.
Assim iniciamos estas jornadas internacionais todos os anos, enfrentando o tribunal junto com organizações que defendem a causa da nação Palestina ocupada pelo sionismo. Ali, dia após dia, se encarceram, matam e reprimem os que lutam por sua terra e seu direito de não serem párias em sua própria nação. São estes mesmo jovens e operários palestinos os que hoje continuam saindo às ruas para enfrentar a ocupação os que nos acompanharam desde o primeiro dia em nossa luta contra os mesmos inimigos.
Nesse caminho, convocamos a um Dia Global de Luta em 2014 com os companheiros da Human Rights Defenders. Amigos desta Comissão de Trabalhadores Condenados e Familiares de Las Heras, viajaram à Palestina para levar a solidariedade aos milhares de presos políticos, inclusive crianças, que sofrem e padecem os piores tormentos nas masmorras do sionismo. Levamos a solidariedade e lutamos junto com a família de Sammer Issawi, que neste momento desde os cárceres sionistas, organizou em nosso apoio uma greve de fome no mesmo momento em que o tribunal da vingança nos condenava.
Essas jornadas também conquistamos junto com os Comitês pela liberdade de George Abdallah, lutador da causa palestina preso há 32 anos na França, e dos presos independentistas bascos, que também rejeitaram sua ração de comida em repúdio à brutal condenação contra nós. Neste último 24 de outubro ganhamos as ruas em um Dia Global de Luta por sua liberdade.
Os companheiros da JRCL – RMF do Japão e os estudantes revolucionários Zengakuren em 2013 ganharam as ruas contra o tribunal videlista e das petroleiras imperialistas – quando este nos condenava – e contra o governo repressor dos Kirchner.

 

Também estivemos junto com os combativos estudantes do Chile que realizavam uma ação de protesto na Praça Itália de Santiago, e junto aos familiares de Juan Pablo Jiménez, dirigente sindical assassinado.
Foram parte desta jornada internacional valentes lutadores pela liberdade dos presos políticos na Inglaterra, o Estado Espanhol, e Astúrias em particular.
Assim ganhamos as ruas e começamos a colocar de pé uma Rede Internacional para nos coordenar. Soubemos, desde sempre, que nossa liberdade, embora continuemos condenados, foi graças à solidariedade dos trabalhadores e dos povos oprimidos do mundo e nossos companheiros trabalhadores da Argentina que foram e são solidários com nossa causa.
Estamos juntos aos familiares dos 43 normalistas desaparecidos no México, que de forma exemplar percorreram todo o mundo, buscando a solidariedade e fazer uma luta em comum para que seus filhos apareçam.
Lutamos junto aos sindicatos combativos da África do Sul e às viúvas de Marikana, que continuam clamado justiça pelos 34 mineiros assassinados. Ali os operários e explorados lutaram em Boiktlong por moradia digna, e quatro companheiros foram encarcerados e condenados sob falsas acusações, tal como aconteceu com nós. Ao mesmo tempo centenas de estudantes da África do Sul foram detidos por reclamar por educação gratuita, e são acusados com a lei do velho apartheid de “traição à pátria”, pelo que podem levar mais de 62 anos de prisão.

Na Argentina já são centenas de organizações operárias e estudantis que apoiam nosso reclamo. Nossa luta é impulsionada por Comissões Internas e Corpos de Delegados, como os de Paty, ou os do Hospital Garrahan e também por correntes de esquerda que colocaram de pé em Buenos Aires um Comitê por nossa Absolvição, que foi auspiciado pelo sindicato dos trabalhadores estatais (ATE).
Temos lutado com os companheiros de Corral de Bustos por nossa liberdade e pela deles, que assim como nós, tiveram que passar anos em prisões por rebelar-se contra a injustiça de juízes e policiais corruptos.
Las Heras é uma cidade militarizada pela gendarmeria do Governo Nacional. É uma cidade no meio de uma província que está sob o controle das petroleiras imperialistas, que organizam as grandes guerras no mundo pelas rotas do petróleo, e no Sul da Argentina escravizam os operários petroleiros e castigam duramente com suas forças de repressão os que “ousam” lutar por seus direitos. Mas ao sul de nossa cidade, na província de Tierra del Fuego, dirigentes dos trabalhadores docentes e dos caminhoneiros estão sendo julgados, como foram os trabalhadores de ATE em Río Gallegos.

Por estas duras lutas e ataques, e porque nos demos conta que sem solidariedade não somente seríamos condenados, mas que também já estaríamos presos, é que nós e nossas famílias saímos a contar nossa verdade a todos os trabalhadores da Argentina e do mundo: as petroleiras com o governo da Kirchner, suas Forças Armadas genocidas, seus juízes e seus políticos corruptos exigiram nossa condenação e nosso castigo, como aconteceu em uma Assembleia Nacional Parlamentária no ano de 2014. Os de cima se unem para escravizar os trabalhadores e condenar nós que lutamos, e os de baixo temos que nos unir para dar um basta em tanto ataque e injustiça.

Nesse 12 de dezembro vamos reeditar entre todos esse Dia Internacional de Luta. Desta vez faremos com mais força, posto que aumentou a mais feroz repressão, guerras, genocídios e perseguição contra os trabalhadores e os povos oprimidos, e por isso que unimos nossa luta e nossos reclamos.

Neste dia 12/12 será um Dia Internacional de Luta pela liberdade de todos os presos políticos, para frear os genocídios e as guerras contrarrevolucionárias contra as massas oprimidas e em defesa dos refugiados políticos que, como os sírios, chegam à Europa fugindo do massacre, da fome e do extermínio de governos e regimes assassinos.

Neste 12 de dezembro estaremos junto com os mineiros de Astúrias que conquistaram sua liberdade com uma heroica luta.
Nos unimos também aos docentes de CNTE de Oaxaca, México, que lutam para acabar com os processos e encarceramentos de seus dirigentes.
A juventude grega está encarcerada pelo delito de lutar contra os fascistas que golpeiam imigrantes, refugiados e trabalhadores em luta na Grécia. Vemos os heroicos jovens, como o companheiro Nikos Romanos, que enquanto estava em greve de fome afirmou que não estava disposto a recuar e que suas convicções não se negociam. Desde os cárceres estes jovens chamam a destruir esse sistema que oprime, saqueia e esfomeia os trabalhadores e os povos. Sabemos pelo que estão passando esses valentes jovens e trabalhadores porque sofremos em carne própria, e por isso estamos incondicionalmente com eles e com todos os lutadores antifascistas e aqueles que enfrentam o governo de Syriza e os opressores da Grécia.

Neste 12/12, como já dissemos, vemos que a Europa está regada de refugiados que são verdadeiros perseguidos políticos. Centenas de milhares chegam da Síria devastada ao velho continente e são recebidos por uma enorme solidariedade dos trabalhadores europeus.
Crianças e famílias inteiras se afogam no Mediterrâneo que se encheu de sangue. O ódio dos opressores, das transnacionais e seus governos assassinos chegou ao paroxismo de massacrar e encarcerar crianças, como acontece na Síria ou Iêmen; afundam os botes dos refugiados, bombardeiam livremente cidades inteiras como faz o cão Bashar e Putin, ou como são detidos, torturados e encarcerados, e inclusive à prisão perpétua, as mais valentes das crianças do mundo, que são as palestinas que lutam na Intifada contra o ocupante sionista.
Não é estranho, este sistema capitalista opressor surgiu superexplorando as crianças em suas fábricas, e hoje as massacra, porque já nem sequer pode mantê-los como escravos.
Não somente nos escravizam, encarceram e massacram os que lutam, mas também assassinam e encarceram nossas crianças. BASTA! Se tocam e matam um de nós, tocam e matam todos nós! Somos todos refugiados!

Companheiros, neste 12 de dezembro é preciso unir todas as lutas e os reclamos. Os companheiros presos em Guantánamo, os companheiros presos de Ayo-Ayo e os mineiros de Huanuni processados da Bolívia, os milhares de presos políticos do Egito, os combativos portuários do Chile, devem saber que neste dia não estão lutando sozinhos. Os assassinos e repressores do povo, devem saber que nos unimos e ganhamos as ruas do mundo para dizer: BASTA de massacres, de repressão e de presos com os que tentam chantagear e escarmentar os que lutam por suas demandas em todo o mundo!
Da Espanha à Inglaterra, da Rússia do assassino Putin até os Estados Unidos e a Europa devastada pelas transnacionais, da América até a África e o Pacífico, deve se escutar a voz de liberdade de todos os presos políticos e o fim já da barbárie contra os oprimidos!

Da Argentina, vocês têm todas nossas forças a sua disposição. Aqui temos mais de 7 mil companheiros processados por lutar. Neste momento 34 companheiros docentes do SUTEF e Caminhoneiros de Tierra del Fuego estão diante dos tribunais que querem condená-los por reclamar por seus direitos. Pretendem fazer o mesmo com os docentes e pais autoconvocados de Caleta Olívia (Santa Cruz). Assim submeteram cada processado diante dos juízes que respondem ao mesmo comando, o dos poderosos, o das transnacionais.
Por isso, junto às dezenas de organizações operárias e estudantis, lutamos por uma Mesa Coordenadora de todos os processados para nos unir em um só reclamo. Assim viemos impulsionando junto com as famílias de nossos companheiros de Corral de Bustos, que estiveram mais de 5 anos presos, os companheiros de Paty, os metalúrgicos de Acindar e os trabalhadores de ATE.
Aqui na Argentina também, a polícia assassina mata jovens e menores de idade pelo delito de não terem trabalho e educação em uma matança do “gatilho fácil”, preparando a mais feroz repressão do estado contra os trabalhadores que saiam à luta.
O governo da Argentina dos Kirchner se retira com as mãos manchadas de sangue, por isso, as famílias dos trabalhadores ainda clamam por justiça pelos companheiros assassinados no dia 20 de dezembro de 2001, Tereza Rodríguez, os piqueteros do Norte de Salta assassinados, os companheiros Fuente Alba, Mariano Ferreyra, Kostequi e Satillán, pelo companheiro Ángel Verón que acaba de morrer algemado em uma cama de hospital, depois de um feroz espancamento da polícia quando lutava por uma moradia digna.

No dia 12 de dezembro teremos a oportunidade e unificar-nos entre todos e de demonstrar a nossos carrascos que não estamos sozinhos. Se ainda nossos inimigos mantêm os nossos em prisão, é porque não unificamos nossas forças em todo mundo. Chegou a hora de fazer isso neste 12 dezembro e em todos os dias do ano!
Vamos nos unificar por cima das fronteiras, como fazem os grandes bancos e empresas para nos explorar e reprimir. Nós faremos para lutar por nossos direitos. Porque a rebelião dos escravos não é delito, é justiça!

Em Buenos Aires faremos uma conferência de imprensa de nós, companheiros de Las Heras condenados à prisão perpétua e cárcere. Esperamos e sabemos que neste dia, todos vocês farão dezenas de ações em todo o mundo. Nós faremos um ato nas ruas centrais de Buenos Aires e marcharemos às embaixadas de Israel e da Síria, que representam o pior dos ataques e genocídios contra os trabalhadores e povos oprimidos do mundo.

Chamamos todos os que lutam pela liberdade e contra a opressão e o saque dos povos, para que neste 12 de dezembro conquistemos uma grande jornada de Luta Internacional.
LUTEMOS TODOS UNIDOS!
Nós trabalhadores e oprimidos da Argentina necessitamos nos unir para enfrentar a perseguição, lutar por nossas demandas junto a nossos irmãos de classe em todo o mundo; junto à resistência síria e palestina, e todos os Comitês de solidariedade com nossos irmãos refugiados que existem a nível internacional; junto aos familiares e Comitês de solidariedade com o companheiro Abdallah, e os presos independentistas bascos; junto às organizações estudantis que lutam pela educação gratuita e de qualidade na África do Sul, Chile, México e Colômbia; junto às organizações operárias da África que lutam contra o saque e a exploração da AngloAmerican e demais monopólios; junto aos heroicos operários e estudantes do Japão que enfrentam o governo Abe; junto aos operários chineses que lutam contra as condições de superexploração nas fábricas-cárceres e maquilas; junto à Mumia Abu Jamal e à juventude trabalhadora que luta por 15 dólares a hora nos EUA, e os trabalhadores negros e chicanos que lutam contra o racismo e o assassinato da polícia de Obama; junto aos operários da Sidor da Venezuela; juntos aos trabalhadores da saúde e mineiros do Peru; junto aos mineiros e explorados do Donbass na Ucrânia; junto às organizações operárias e estudantis do Estado Espanhol como Asturies En Pié, e todos os que lutam contra a perseguição, a repressão e o cárcere dos Bourbons e sua polícia assassina.

Neste 12 de dezembro a luta por acabar com o massacre, a repressão e inclusive o cárcere contra as crianças e jovens em todo o mundo deve ter um lugar privilegiado em nossos reclamos. Eles são a vanguarda da luta dos oprimidos em todo o planeta. Neste 12/12, junto aos presos e condenados por lutar, os refugiados políticos terão seu lugar de honra. Para eles exigimos moradia, saúde, educação, trabalho. Eles vêm de nações como síria, Iêmen e de todo o Oriente Médio, que são saqueadas pelas grandes petroleiras das potências imperialistas, que também jogam na miséria e atacam todas as conquistas dos trabalhadores europeus. Coloquemos de pé uma jornada de luta dos trabalhadores e da juventude explorada, para acabar com o massacre das crianças do povo, e para nos colocar de pé junto aos refugiados políticos em todo o mundo!

UMA SÓ CLASSE, UMA SÓ LUTA!

Companheiros, unamos cada elo dos oprimidos em uma poderosa corrente que alguma vez coloque grilhões e imponha justiça contra piores assassinos e repressores deste planeta.

NUNCA MAIS UM TRABALHADOR QUE LUTA POR SEUS DIREITOS PODE FICAR SOZINHO ENFRENTADO OS ATAQUES DO ESTADO E SUA JUSTIÇA!
NO DIA 12 DE DEZEMBRO GANHEMOS AS RUAS!
COLOQUEMOS DE PÉ UMA REDE DE SOLIDARIEDADE INTERNACAIONAL PELA JUSTIÇA E A LIBERDADE DOS QUE LUTAM!

Comissão de trabalhadores condenados, familiares e amigos de Las Heras.