Todos sabem que, no dia 12 de dezembro, é o aniversário de nossa sentença a prisão perpétua, e chamamos a realizar ações de luta em todo o mundo, é esse dia que chamamos de “Dia Internacional do Trabalhador Perseguido”.
No dia 12 de dezembro de 2013 nós, operários petroleiros, fomos condenados à prisão perpétua, só por termos lutado por nosso salário, por nosso sustento e por reivindicações que tínhamos como trabalhadores das empresas petroleiras que saqueiam não só a Argentina, mas regiões inteiras do planeta como o Oriente Médio.
Num julgamento, que foi uma verdadeira paródia, com processos montados, fomos condenados a cárcere e prisão perpétua. Essa sentença e seu cumprimento, por enquanto, está suspensa por conta da enorme solidariedade que tivemos com nossa causa e nossa luta de todos os trabalhadores e oprimidos do mundo.
Desde o ano de 2013 temos acompanhado todos eles e temos lutado pela liberdade de todos os presos políticos do mundo, sabendo que fazendo isso lutamos pela nossa própria liberdade. Aprendemos em nossa carne e por experiência própria, que se mexem com um, realmente mexem com todos.
Por isso neste 12/12 agradecemos novamente y vamos lutar junto com nosso irmãos, os presos bascos e Georges Abdallah, que em 2013, no dia de nossa condenação, rejeitaram a comida numa jornada de greve de fome, como também fizeram os presos palestinos, lutando pela liberdade de todos os presos do mundo.
Nos solidarizamos com todos os trabalhadores e estudantes do Japão que fizeram chegar no tribunal sua solidariedade em 2013 no momento que nos condenavam e depois ganharam as ruas em mobilizações na Embaixada Argentina.
Sentimos como próprios e nossa família os familiares dos 43 normalistas desaparecidos em Ayotzinapa. No último mês, centenas de estudantes das universidades mais importantes na China se organizaram, como ontem foi no México, para lutar junto com os trabalhadores e camponeses. Dezenas e dezenas foram desaparecidos e alguns assassinados. Como vemos, a violência das forças repressivas contra os estudantes que procuram um caminho junto com os oprimidos, é selvagem e bestial. Mas sua luta não será extinta jamais e sua lembrança será indelével, e também será a luta pela sua aparição com vida e pelo julgamento e a punição dos responsáveis.
Sentimos como nossas viúvas, as mulheres dos mineiros de Marikana que foram assassinados na África do Sul. É nosso filho o jovem Alfon, preso nas masmorras do Estado Espanhol, assim como dezenas e dezenas de presos bascos, também são nossos irmãos os professores da CNTE presos no México.
Nos sentimos irmãos mais do que nunca da família Issawi. Todos seus filhos estiveram ou ainda estão na prisão por defenderem valentemente a causa da nação palestina, ocupada pelo sionismo. Junto com eles, lutamos por todos os presos palestinos e também por todos os lutadores encarcerados no Oriente Médio, como os 40.000 presos no Egito, centenas deles estão sendo condenados a morte.
Sentimos como nossos filhos os jovens anarquistas que estão detidos na Grécia por terem enfrentado o fascismo que golpeia, ataca e até assassina imigrantes e refugiados sírios que fogem, perdendo muitos dos seus no Mediterrâneo, de um dos maiores genocídios do Século XXI cometido por Al Assad e Putin, com apoio de todas as potências imperialistas do mundo.
Junto com todos eles viemos lutando nestes anos pela liberdade de todos os presos políticos do mundo.
Na Argentina ainda clamamos pelo julgamento e punição aos verdadeiros organizadores e instigadores do assassinato dos valentes jovens piqueteiros Darío e Maxi e de muitos mais que enfrentaram esse decomposto sistema de opressão. E é integrante de nossa “Rede Internacional pela Liberdade dos Presos Políticos”, a família de Darío, que sentimos como nosso filho e nosso irmão, e seu pai como o pai de nossos filhos.
Neste 12/12 propomos organizar uma verdadeira semana de luta. Propomos que os protagonistas sejam os presos dos cárceres e seus familiares que clamam por justiça para os seus, quem foram assassinados pelas hordas contrarrevolucionárias. Nós só seremos sua voz.
Especialmente chamamos todos os presos políticos e as organizações que lutam por sua liberdade a transformarem essa semana, do 12 até o 19/12, numa semana de luta também pelos presos que mais estão sofrendo e que por sua vez são o símbolo de todos nós, que lutamos pela liberdade: centenas de presos políticos na Síria e que na cidade de Hama estão em greve de fome pedindo por sua liberdade no corredor da morte, antes de serem executados. Lutam por condições dignas nos cárceres do fascista Al Assad, sua Gestapo assassina e tortura milhares de lutadores da revolução síria. Mais de 40.000 deles foram mortos enquanto tantos outros estão nas piores condições de tortura nas prisões.
Durante esse ano foram feitas ações no mundo pedindo pela libertação imediata dos presos sírios. Com certeza, os carrascos e quem os sustenta, como a ONU, guardam um silêncio cúmplice para colocar um manto de cerco e esquecimento sobre esse povo massacrado.
Os presos sírios, junto com os presos palestinos, simbolizam todos os presos políticos que nos cárceres do Magreb e Oriente Médio são brutalmente reprimidos, como tem sido com nós na Argentina.
Um símbolo dessa luta pelo qual chamamos a gritar dos cárceres e de todas as cidades do mundo neste ano, são também os 1.700 presos franceses, que hoje são vanguarda na luta pelas demandas de todos os trabalhadores, oprimidos e escravos sublevados no mundo contra 1% de parasitas que detém o 50% das riquezas do planeta. Hoje eles são a bandeira de luta de todos os trabalhadores do mundo que buscamos seguir pelo caminho dos trabalhadores e do povo francês, para conquistar não só nossa liberdade, mas também os direitos que nos correspondem.
Queremos chamar a mais ampla solidariedade com os presos políticos da Argentina. Aqui temos dois novos mártires, assassinados pelo governo Macri e sua polícia e acobertado pelos juízes pagos pelos políticos dos partidos tradicionais que fizeram carreira no Judiciário na época da ditadura de Videla. Santiago Maldonado, assassinado pela gendarmaria, é um dos nossos mártires. O gendarme que o assassinou foi libertado sem nenhuma causa. Também está em liberdade o efetivo da Prefectura (polícia naval, NdeT) que matou Rafael Nahuel, enquanto continua na prisão Daniel Ruiz, delegado petroleiro, e mais de 12 presos anarquistas pelo único fato de terem enfrentado os piratas imperialistas que controlam o mundo e vinham à Cúpula do G-20 na Argentina. Além disso continua a perseguição contra Sebastián Romero por participar da jornada de luta de 18 de dezembro de 2017.
Todos eles também são um símbolo de todos os presos políticos do mundo e dos mártires assassinados pelos regimes dos opressores.
De Las Heras fazemos chegar nossa solidariedade com Facundo Jones Huala, da comunidade mapuche, que reclamava por sua terra, hoje usurpada pelos latifundiários estrangeiros imperialistas que pretendem ficar com toda a riqueza da Argentina. Jones Huala foi extraditado a Chile, onde enfrenta um julgamento pelo qual o estado pede mais 15 anos de prisão, demonstrando que os opressores não têm fronteiras e nós também não as temos nem devemos ter, para lutar pela liberdade de todos os presos políticos.
Nós sabemos que dezenas e dezenas de organizações de luta, mesmo das prisões, de onde buscam justiça como nós junto com nossos filhos e familiares, farão sentir sua voz essa semana de fúria e de luta pela liberdade.
Chamamos os presos sírios para que se unam neste chamado, para romper juntos o isolamento que hoje permite o genocídio dos repressores e assassinos selvagens contra o povo sírio.
Que seja escutado dentro das grades e de fora o grito de: Liberdade para todos os presos políticos do mundo!
Que as organizações que lutam a serviço dos oprimidos, de Direitos Humanos, anti-imperialistas, dos trabalhadores, façam seu este chamado, pois está claro que todos os presos e condenados são reféns dos opressores, para não conceder nenhuma das justas demandas que hoje estão sendo reclamadas.
Transformar a semana do 12 ao 19/12 em jornadas de luta de todos os presos políticos e sociais em todos os cárceres do mundo, dos presos da revolução e das famílias que hoje clamam pelo julgamento e a punição por seus filhos e seus entes queridos!
De Las Heras, acompanhamos os operários imigrantes, que são tratados no mundo com cárcere e repressão, como se o fato desgarrador de terem que deixar suas vidas e seus países a procura de pão e dignidade para suas famílias não fosse suficiente dor e crueldade. Neste sistema, no qual já não tem lugar para uma carteira a mais numa escola ou um leito a mais num hospital, é negado o ingresso na Europa e nos EUA. Os nossos morrem tentando chegar ali, no Mediterrâneo ou atravessando o Rio Bravo, enquanto milhares deles estão nos cárceres ou nos campos de refugiados nos EUA, separados de seus filhos, ou na Europa, cercados por alambrados como em Ceuta e Melila ou nos quarteis do exército como na Grécia.
No dia que sejamos um só e um mesmo grito em todo o mundo, nossa liberdade será uma realidade.
Chamamos vocês a enviarem suas adesões, proclamas, pronunciamentos, dos cárceres e das organizações em todo o mundo, que faremos públicas durante toda essa semana de luta que é de todos e por isso todos devemos tomar ela em nossas mãos.
Que essa semana possamos lutar juntos e que não deixemos de fazer isso nunca mais.
Mexeram com um, mexeram com todos!
Liberdade para todos os presos por lutar!
A rebelião dos escravos não é delito, é justiça!
Comissão de trabalhadores condenados, familiares e amigos de Las Heras
Rede Internacional pela Liberdade dos Presos Políticos do Mundo e justiça por nossos mártires
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