Cuba 16 de abril de 2022
Liberdade incondicional dos presos políticos do levante contra a fome do 11J!
Julgamento e punição dos assassinos de Diubis Laurencio!
O levante dos escravos e dos famintos não é delito, é justiça!
Adesão da Rede Internacional pela Liberdade dos Presos Políticos do Mundo ao chamado feito por La Joven Cuba a lutar pela imediata liberdade dos presos do 11J
Acompanham esse chamado centenas de organizações operárias, populares e de Direitos Humanos de Cuba e todo o mundo.
Nós, da Rede Internacional pela Liberdade dos Presos Políticos do Mundo aderimos de maneira concreta aos dois pontos que exige dita declaração, que são o chamado à “solidariedade internacional com os e as manifestantes injustamente condenadas do 11J”, e “por uma lei de anistia para as pessoas injustamente condenadas”.
Exigimos, e nos unificamos ao reclamo por julgamento e punição aos assassinos do jovem Diubis Laurencio, assassinado durante o 11J, o que demonstra que teve uma feroz repressão do Estado aos famintos que ganharam as ruas por trabalho digno, pão e justiça. Foi o Partido Comunista Cubano no poder quem atacou, para esmaga-lo, ao levante dos trabalhadores e dos famintos de Cuba no 11J. Os de cima e os repressores vivem hoje como capitalistas e os de baixo como mendigos.
Afirmamos que nenhuma corrente que se conclame defensora da mais mínima das liberdades democráticas pode permitir que o estado, exercendo seu poder de gendarme e defensor dos opressores, reprima e encarcere as massas que lutam contra fome.
Afirmamos: A rebelião dos escravos não é delito, é justiça! As massas famintas têm todo o direito a se sublevar contra seus opressores, responsáveis de suas penúrias inauditas.
Nós, da Rede Internacional apoiamos o reclamo pela liberdade incondicional da juventude operária e dos trabalhadores sublevados cubanos, que foram encarcerados e condenados pelos juízes e pelo governo de Cuba, igual acontece na Colômbia, no Chile, no México, na Bolívia, onde ainda se reclama justiça pelos mártires da repressão e pela liberdade dos presos políticos. Enquanto isso, na Argentina, estão reclamando e lutando por barrar a repressão e a perseguição do movimento de trabalhadores desempregados, onde os dirigentes e lutadores estão sendo encarcerados por reclamar trabalho, pão e dignidade.
Como corretamente denuncia “La Joven Cuba” em sua declaração, que reproduzimos aqui, o povo sublevado “tem sido submetido à criminalização e às práticas punitiva”. Aderimos completamente à denúncia que contem essa declaração respeito das condenações aberrantes impostas contra mais de 790 pessoas processadas, incluindo 55 menores de idade. Condenamos as penas que chegam até 30 anos de cárcere aplicadas contra 120 pessoas, incluindo, como dissemos antes, menores de idade. Nada diferente do que faz o Estado sionista de Israel que martiriza com cárcere e repressão a juventude palestina.
Chamamos todas as organizações de trabalhadores do mundo a lutarmos, em todos os países, para colocar à classe operária e suas organizações em estado de mobilização pela liberdade dos presos cubanos.
Chamamos a que tomem nas suas mãos essa campanha os familiares dos assassinados e presos de Senkata, Bolívia; os familiares dos 43 normalistas de Ayotzinapa, México, que ainda procuram seus filhos; as organizações que lutam pela liberdade dos presos políticos palestinos, sírios, iranianos, bascos, catalãs; aos que foram detidos por se sublevar contra a guerra de invasão do Putin contra a nação ucraniana. Chamamos a tomar em suas mãos essa campanha a juventude revolucionária dos Zengakuren do Japão, que vêm de marchar na Embaixada do Chile pela liberdade dos milhares de presos políticos que ficaram do governo Piñera, torturados hoje nos cárceres de Boric; como também ás viúvas de Marikana, que ainda clamam justiça pelos mineiros assassinados na África do Sul pela AngloAmerican e pelo governo sul-africano que ainda a protege.
Lutamos pela liberdade incondicional dos presos cubanos. Da mesma maneira que defendemos o direito incondicional dos trabalhadores em Cuba e em todos os países capitalistas a poder organizar seus próprios sindicatos e organismos de luta independentes do estado e dos patrões; e a lutar por suas demandas com os métodos da classe operária, as paralisações, as greves gerais, os piquetes de greve, as mobilizações.
Esse é o único instrumento que têm os trabalhadores para defender seus interesses.
Também defendemos o direito incondicional dos trabalhadores a colocarem de pé os partidos operários que considerem necessários para a luta por suas demandas e reivindicações. Esse é um princípio elementar da democracia operária, que ninguém que esteja pela libertação dela pode avassalar impunemente. Sem direito a colocar de pé partidos, sindicatos, organizações operárias par a luta, o que existe é uma feroz ditadura contra os trabalhadores que só pode defender – e isso ficou claro no 11J – os interesses dos capitalistas e dos novos ricos. Isso nada tem a ver com a defesa do socialismo e nem com as gestas anti-imperialistas e revolucionárias da classe operária latino-americana.
Tenham, os organizadores de La Joven Cuba e as organizações operárias que se reivindicam do socialismo que assinaram essa declaração, nossa saudação e nosso compromisso de lutarmos até o final pelos dois pontos que nos unificam: Anistia incondicional dos presos políticos do 11J e solidariedade internacional por essa causa.
Desde Las Heras, os operários do Sul da Argentina, integrantes e promotores desta Rede Internacional pela Liberdade dos Presos Políticos do Mundo, foram condenados à prisão perpétua por lutar. Se ainda estão em liberdade, é por conta da luta e da enorme solidariedade internacional, que é o que precisam os presos políticos de Cuba para voltar para suas cidades, seus lares e suas famílias.
Chamamos redobrar a solidariedade com os trabalhadores desempregados da Argentina, que foram reprimidos e encarcerados por lutar por trabalho digno e por um prato de comida digno.
Enviamos às famílias dos trabalhadores e da juventude rebelde submetidos ao escárnio do cárcere, nossa mais ampla solidariedade.
Está perto o 1º de Maio, o dia internacional operário e socialista da classe operária mundial. Não se pode permitir nem um dia a mais que no nome do socialismo sejam sujas as bandeiras pelas quais a classe operária saiu, como um só punho, na luta pela liberdade dos mártires de Chicago. Ou está do lado destes ou se atua igual os seus carrascos.
Liberdade já aos presos da rebelião dos escravos cubanos!
Liberdade para todos os que lutam contra os regimes de opróbrio e o sistema capitalista mundial!
Assinam:
Clauda Pafundi, membro da Comissão de Trabalhadores Condenados, Familiares e Amigos de Las Heras, Argentina.
Paula Medrano, filha de desaparecidos pela ditadura militar de Videla, e lutadora na Europa pela liberdade dos presos políticos
Abu Muad, do periódico “A Verdade dos Oprimidos” da Síria e do Oriente Médio
Alejandro Villarroel, operário do Estaleiro Rio Santiago (Argentina), processado por lutar.
James Sakala, delegado têxtil de Zimbábue
Omar Villacorta, ex delegado do frigorífico Paty de Argentina
A Miguel Mario Díaz Canel Bermúdez, Presidente da República de Cuba;
A Esteban Lazo Hernández, Presidente da Assembleia Nacional do Poder Popular da República de Cuba;
A Rubén Remigio Ferro, Presidente do Tribunal Supremo Popular da República de Cuba;
Ao povo cubano e à esquerda internacional
Em Cuba manifesta-se uma profunda crise estrutural. Essa crise, em meio a uma marcada precarização da vida, levou parte dos cidadãos às ruas, nos dias 11 e 12 de julho de 2021. As hostis sanções dos EUA, no quadro de uma política de agressão e bloqueio que já chega a 60 anos, a incapacidade da administração do país em atender às necessidades mais básicas do povo e o descaso com as demandas sociais, políticas e econômicas da sociedade civil, contribuíram para o agravamento dessa situação e geraram uma crescente perda de confiança no discurso governamental.
A decisão de comercializar no mercado de bens fundamentais em moeda estrangeira longe das possibilidades de acesso das maiorias, e os efeitos da pandemia, exacerbaram com razão, o descontentamento de setores afetados pela pobreza e a marginalização, relacionadas ao local de residência, cor da pele, o gênero e outras categorias de exclusão. A crise econômica e política que o país atravessa também se expressa na deterioração gradual dos indicadores sociais de saúde, educação, esporte e cultura. Esta decadência precipita o êxodo massivo de jovens, com as consequências que isso provoca nas famílias cubanas e na economia em geral.
Nos protestos sociais de julho, os maiores desde 1959, houve condutas violentas e confronto físico de ambos os lados, tanto das forças policiais e de grupos de apoio ao governo quanto de alguns grupos de manifestantes. Enquanto estes últimos têm sido submetidos à criminalização e práticas punitivas, evidenciadas no discurso oficial e sentenças desproporcionais, como medidas nítidas e exemplares para prevenir cenários semelhantes no futuro, setores simpatizantes do governo, as forças policiais e os funcionários responsáveis pela repressão e os excessos de violência do Estado permanecem impunes.
No mês de março, foram realizados dois julgamentos pelos protestos. O primeiro pelas que protagonizaram os setores pobres de Esquina de Toyo e La Güinera em Havana, onde 127 pessoas foram condenadas em um julgamento em massa com penas de até 30 anos -1.916 anos no total- a 127 pessoas, oito delas com idades entre 16 e 17 anos. O segundo para os protestos em San Antonio de los Baños contra 17 manifestantes com penas de até 10 anos.
Entre estas últimas, destaca-se os seis anos de prisão de Yoan de la Cruz Cruz, um dos primeiros jovens a transmitir os protestos ao vivo nas redes sociais. A sentença garante que “ele transmitiu ao vivo nas redes sociais o que estava acontecendo, o que fez com que tais atos fossem vistos dentro e fora do país e que as ações danosas fossem imitadas em diferentes municípios e províncias”.
De acordo com a Procuradoria Geral da República, um total de 790 pessoas foram processadas, incluindo 55 entre 16 e 17 anos.
Ao mesmo tempo, diversos setores e ativismos da sociedade civil são constantemente assediados pelas autoridades. Essa perseguição e vigilância toma forma nos aparatos de segurança policial, que se caracterizam por atuar à margem da legalidade constitucional e atentar contra a dignidade das pessoas. Tudo acontece em um cenário de absoluta impunidade, na ausência de garantias legais para o exercício da livre associação, entre pessoas e grupos de cidadãos preocupados com a participação no espaço público. O ciclo de repressão se completa com o uso da mídia para desacreditar reputações, rotular toda dissidência como mercenarismo e deslegitimar qualquer pessoa ou organização que questione a realidade. A direita apoiada pelos Estados Unidos e a favor de seus ataques existe, não estamos falando disso aqui.
Diante deste contexto, as pessoas, grupos e organizações que subscrevem este documento, tanto de Cuba como internacionalmente:
Fazemos um chamado à solidariedade internacional com os manifestantes injustamente condenados.
Solicitamos uma Lei de Anistia para as pessoas condenadas injustamente, como um passo necessário que abre as portas para um socialismo verdadeiramente democrático e igualitário.
Adesões: https://solidaridad11j.wordpress.co m/acessos/
Assinaturas: https://solidaridad11j.wordpress.com/firmar/
Fonte: https://solidaridad11j.wordpress.com/ |