Cazaquistão - 10 de janeiro de 2022
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Os sofrimentos inauditos das massas provocaram
uma enorme sublevação revolucionária
Os petroleiros, o batalhão mais poderoso da insurreição que sacudiu toda a Eurásia
Putin, como gendarme do imperialismo na região,
com suas centúrias negras fascistas procura esmagar a insurreição
No Cazaquistão começou uma revolta das massas que após percorridos 6 dias, além da revogação da lei do aumento abusivo no preço do combustível, também abalou o regime dos oligarcas no país e na região, e ao imperialismo.
Nas principais cidades deste ex estado operário, as massas marcharam contra as instituições do odiado regime herdado da restauração capitalista, que justamente identificam com o seu sofrimento.
Os protestos começaram em 2 de janeiro com uma greve dos petroleiros em Zhanaoen, na província de Mangystau, onde há 10 anos a grande greve dos trabalhadores durou mais de 7 meses, com ocupações de fábricas e da praça principal da cidade, que terminou com uma repressão feroz e com o assassinato de dezenas de trabalhadores e com centenas de feridos, ficando conhecido como o “Massacre de Zhanaoen”.
Agora, como há 10 anos, os trabalhadores tiveram um papel decisivo na organização e na magnitude das greves e das mobilizações que se espalharam rapidamente por todo o país em 24 horas, em insurreições locais, abrindo uma fase insurrecional que ameaçava colocar de pé um duplo poder e derrubar o regime. Em 3 de janeiro, a greve geral se espalhou por toda a região de Mangystau e também de Aetyrau. Em 4 de janeiro, os petroleiros de Tengizchenroil, Aktobe, Cazaquistão Ocidental e Kyzylorda aderiram à greve, junto com os mineiros da ArcelorMittal Temirtau da região de Karaganda. Entre 4 e 5 de janeiro, a greve por tempo indeterminado foi declarada em todo o país. Foi uma verdadeira greve geral revolucionária que paralisou o país com lutas na rua, confrontos com a polícia, ocupações de delegacias e com os manifestantes se armando, dividindo o exército e atacando as instituições do odiado regime. Transformou-se numa insurreição nacional que teve a sua vanguarda em Alma Ata, onde pegaram as armas e atacaram o gabinete do prefeito, o antigo edifício do Parlamento Nacional, a sede do KNB (antiga KGB), a sede do partido no poder e o aeroporto principal, que, depois de confrontos com a polícia assassina, ficaram sob o controle das massas rebeldes. As massas queriam a queda do regime.
O aumento do combustível gás liquidificado (GLP) que em 1º de janeiro dobrou seu preço em Zhanaozen e passou de 50 tenge (US$ 0,11) para 120 tenge (US$ 0,28) foi o estopim, a faísca que acendeu a raiva por causa das dificuldades sofridas pelas massas enquanto os oligarcas, com a restauração capitalista, roubaram todas as propriedades e riquezas que pertenciam ao povo e não param de se enriquecer com a pilhagem da nação associados com os oligarcas russos e com o imperialismo. Sendo que 162 pessoas possuem 55% da riqueza total do país, dos quais tem cinco deles na lista de bilionários da Forbes World.
Cazaquistão é um país rico em recursos. Possui 40% da produção mundial de urânio, que está maioritariamente nas mãos do grupo empresarial francês Areva desde 2009 (através da criação de uma joint venture, capital misto, com o governo do Cazaquistão, Ifastar). Chevron e Exxon extraem 1,7 milhão de barris de petróleo por dia que irão abastecer a Europa (sendo o 12º maior produtor do mundo), através de portos russos. É o 29º produtor mundial de gás natural (22,8 bilhões de m³ por ano) e o 18º exportador mundial (11,5 bilhões de m³ por ano). É o 10º produtor de carvão, (111,1 milhões de toneladas anuais). É o 10º. produtor mundial de ouro e antimônio; 9º produtor mundial de bauxita e zinco; 11º produtor mundial de cobre; 3º produtor mundial de cromo; 12º produtor mundial de minério de ferro e chumbo; além de produzir manganês, fosfato, bismuto, enxofre.
No Cazaquistão, como na Síria, no Irã e em todo o Oriente Médio, que é onde está a maior concentração de petróleo do mundo, há um poderoso proletariado na indústria do petróleo e nas indústrias relacionadas, como a construção, a mineração e a siderurgia que são desenvolvidas ligados à exploração do petróleo, apesar do que afirmam os traidores da esquerda social-imperialista mundial, que não se cansaram de acusar os trabalhadores que lideraram a corrente das revoluções no Magrebe e no Oriente Médio de serem bárbaros e povos atrasados, o processo que eles cinicamente chamaram de “Primavera Árabe”.
A maioria da população do Cazaquistão são operários. De fato, muitas cidades foram fundadas como local de residência dos trabalhadores que foram trabalhar nos jazidas de petróleo e são verdadeiras cidades operárias. Grandes mineradoras como Glencore, Rio Tinto, Iluka Resources, Central Asia Metals Plc, ArevaSa, Russian Copper Company, operam no Cazaquistão, e a Arcelor Mittal sozinha tem mais de 30.000 operários (na siderúrgica Temirtau, Karaganda emprega 14.000 e o restante nas minas de minério de ferro e carvão em toda a região).
No entanto, esse poderoso proletariado que produz essas enormes riquezas não fica com nada. O imperialismo saqueia a nação. Os trabalhadores, que são a grande maioria dos 19 milhões de habitantes do Cazaquistão, têm padrões de vida muito baixos, com um salário mínimo inferior a 100 dólares por mês e os petroleiros não recebem mais de 500 dólares por mês. Metade da população vive nas cidades e favelas distantes dos centros urbanos e quase sem acesso a serviços públicos e saneamentos básicos.
O poderoso proletariado do Cazaquistão, em uma década de duras lutas econômicas, forjou seu ódio contra o regime e governo de Nazarbayev e o fantoche Tokayev
Os operários casacos lutavam sob um regime despótico e sanguinário, ao estilo de Pinochet, Franco ou Videla, mas neste caso são chacais que saíram dos antigos partidos stalinistas que ficaram com as empresas e as propriedades que pertenciam ao Estado operário pela força das armas, associadas a todo imperialismo, para serem eles os gerentes e testa de ferro de seus negócios.
Em 2011, 2019 e 2020, os operários industriais travaram grandes lutas econômicas, que foram verdadeiras lutas anti-imperialistas, porque compreenderam que são eles quem produz aquela enorme riqueza que é saqueada pelas grandes empresas imperialistas e seus sócios minoritários do regime assassino do Cazaquistão. Eles compreenderam que seu trabalho produz uma riqueza enorme e se recusam a fazê-lo por salários de fome.
Nessas lutas duramente reprimidas, sem ter direito sequer a terem seus próprios sindicatos, com seus melhores lutadores mortos e perseguidos, a classe operária do Cazaquistão aprofundou seu ódio contra o regime assassino e o governo de Nazarbayev (que foi presidente por mais de 30 anos) e seu fantoche, o atual presidente Tokayev.
Estas são as condições terríveis que moldaram a situação atual no Cazaquistão e a coragem de seu combativo proletariado industrial.
O gendarme do imperialismo Putin intervém para impedir o desenvolvimento da revolução e assim salvaguardar os interesses do seu amo imperialista
Como colocamos antes, uma greve geral revolucionária que exigia a queda do ditador percorreu todo o Cazaquistão. A primeira coisa que o presidente Tokayev fez foi uma tentativa de negociação: ele revogou o aumento dos preços e entregou as cabeças dos personagens mais odiados do regime, como Nazarbayev, o primeiro-ministro e todo o seu gabinete, e o chefe do Comitê de Segurança (serviços de inteligência) Karim Masimov, que chegou a ser preso. Mas isso não foi suficiente, porque já não era apenas o preço do combustível.
O governo ficou em crise, e as massas foram por tudo. Começava a surgir um embrião de milícia operaria e o perigo para burguesia de que surja um duplo poder armado dos sovietes de operários y soldados, isto é, que volte a república operária de Cazaquistão, expropriando ao imperialismo. Que hajam operários armados falando a língua da revolução numa antiga república soviética, gela o sangue do imperialismo e da burguesia mundial. A burguesia sabe bem qual é o jogo, ainda chora que os operários naquela região fizeram rolar a cabeça do czar e dos seus filhos, expropriando um terço do planeta. Ali, sob a direção da Terceira Internacional revolucionária e do Partido Bolchevique, a classe trabalhadora conquistou suas reivindicações, inclusive sua nação, e criou a URSS, com o triunfo da revolução proletária em 1917. Essa enorme conquista que foi a URSS perdeu-se, nas mãos do stalinismo que entregou os ex estados operários, e se reciclou numa nova burguesia que oprime sob sua bota os trabalhadores com regimes ditatoriais e com terror branco, para garantir os negócios do imperialismo.
A insurreição que começava ameaçava varrer o regime assassino, o governo e não deixar pedra sobre pedra da dominação do imperialismo e da burguesia no Cazaquistão, com os métodos da guerra civil e o duplo poder das massas que começavam a se armar tomando os arsenais do exército.
E isso ameaçava a propriedade de todos os capitalistas e imperialistas na região. É por isso que as potências imperialistas condenaram rapidamente a insurreição e enviaram seu cão fascista Putin, o gendarme do imperialismo na Eurásia e guardião da propriedade das transnacionais na região, com 2.500 soldados, caminhões e tanques, massacraram, deixaram centenas de mortos que ainda nas ruas do Cazaquistão, e milhares de presos políticos, para afogar em sangue a revolta dos operários neste ex estado operário e esmagar as massas, tomando todas as províncias que se sublevaram.
Mas a última palavra ainda não foi dita... Os sofrimentos dos operários do Cazaquistão são os mesmos que dos seus irmãos nos países da Eurásia e da Rússia em particular.
O CAZAQUISTÃO, QUE LIGA A ROTA COMERCIAL DA CHINA E DA RÚSSIA... TAMBÉM LIGARÁ A ROTA DA REVOLUÇÃO SOCIALISTA QUE VARRERERÁ OS GOVERNOS BURGUESES CONTRARREVOLUCIONÁRIOS DE PEQUIM E DE MOSCOU, QUE SURGIRAM DA TRAIÇÃO DAS ENTRANHAS DO LIXO STALINISTA.
Nadia Briante e Eva Guerrero
Pelo Conselho Editor de
O Organizador Operário Internacional
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