20 de março de 2022
No 11º aniversário da revolução síria…
Jornada Revolucionária sobre a questão ucraniana
Da resistência síria no norte de Idlib, intervenção de Steif Abu Izen
“Após 11 anos, acreditamos que as pessoas só agora estão entendendo o que aconteceu na Síria, olhando para a Ucrânia. Por lutar contra Putin, eles nos disseram que éramos terroristas. Mas deve ficar claro que na Síria estamos lutando contra o mesmo inimigo que está invadindo a Ucrânia hoje.”
Vamos receber o camarada Steif Abu Izen, da juventude revolucionária que lutou em Homs, um dos bastiões da revolução, uma das cidades que mais sofreu com o cerco de Bashar e a entrega do ESL. O camarada Steif Abu Izen lutou ao lado de um dos ícones da revolução síria, Abd el Basset Sarout, o goleiro de renome mundial da revolução síria. O camarada Steif Abu Izen, faz parte da resistência da revolução síria até hoje, vai compartilhar sua visão desde dentro da Síria.
Steif: Uma saudação enorme para todos os que compareceram. Honra e glória para todos os mártires! Viva a revolução síria e as revoluções que acontecem em todo o planeta!
É impossível começar esta reunião sem pedir a misericórdia de todas as almas dos caídos. Devemos sempre lembrá-los e levá-los adiante como uma bandeira.
Pedimos a liberdade de todos os presos políticos e o reaparecimento com vida de todos os desaparecidos. Essa é a bandeira que carregamos e que sempre vamos levantar como fazemos neste debate.
Temos que perceber o que Putin fez dentro da Síria para entender o que está acontecendo na Ucrânia hoje. Mais de um milhão de mártires, 500 mil prisioneiros, 7 milhões de deslocados internos e 7 milhões de deslocados fora da Síria são o resultado da intervenção de Putin.
Hoje entendemos que somos dois povos lutando contra o mesmo inimigo. Somos dois povos irmãos. Nos dói e entristece ver os refugiados ucranianos serem recebidos de braços abertos, mas mesmo assim os refugiados que chegaram dos países árabes foram rejeitados. Não entendemos por que é assim, pois somos dois povos irmãos lutando contra o mesmo inimigo.
Devemos destacar que tudo o que aconteceu na Síria foi às custas do imperialismo norte-americano, que dividiu e partilhou a Síria. Atualmente a Síria hoje é dividida em 3 porções. Uma é controlado pela Turquia com os que chamo de suas milícias. Outra parte é controlada pelos EUA com suas milícias e outra contra Bashar com Putin e suas milícias. Por que digo suas milícias? Porque deve-se destacar que os EUA mantêm a parte de Raqa e Deir ez Zor, cidades e províncias muito ricas em petróleo e gás. Enquanto nas outras regiões há apenas tiranos distribuindo e administrando a miséria.
As milícias que controlam o norte da Síria hoje são as milícias da Turquia. Porque a Turquia controla o ESL, que subjuga os trabalhadores e as massas em Idlib e no norte da Síria. A Turquia, juntamente com o ESL, está encarregada de recrutar muitos dos meus compatriotas, com a ilusão de um salário, e eles os tomaram como mercenários para combater na Líbia. A Turquia, com suas milícias e HTS, nos territórios libertados são os que oprimem o povo sírio hoje.
Por outro lado, os EUA nas regiões ricas em petróleo e gás têm as milícias PKK e PYD. São eles que ele usa hoje para garantir seu saque de petróleo.
As milícias de Bashar ficaram com o sul da Síria, com as milícias do Hezbollah, os iranianos e as tropas russas.
Somos uma nação ocupada. Nós, os revolucionários, estamos prontos para expulsar cada um dos invasores, tanto a Turquia que afirma ser aliada da revolução, quanto as tropas mercenárias do Irã, Hezbollah e Rússia.
Muitos dos que estão aqui hoje acompanham a revolução síria há 11 anos. Todo mundo sabe que Bashar foi derrotado por algum tempo. Os EUA, na conferência de Genebra, coordenaram todos os agentes. Ele inventou o ISIS para dizer que havia terroristas porque tudo o que eles queriam eram as riquezas do nosso território. Entre os EUA e a Rússia eles destruíram a revolução.
Mas mesmo assim, em muitas cidades, as tropas do exército russo apoiadas pelo Hezbollah e pelo Irã foram derrotadas. Sobrevivemos aos bombardeios dos EUA. É por isso que eles começaram a usar a manobra da Terra Arraçada. Eles tomaram as cidades, mas apenas em ruínas. Não havia nenhuma outra maneira de nos obrigarem sair de lá.
Hoje a revolução síria continua a resistir depois de 11 anos. Milhões de pessoas saíram às ruas há poucos dias no aniversário da revolução, ainda pedindo a queda de Bashar, a liberdade dos prisioneiros e levantando bem alto as bandeiras dos mártires, rendendo homenagem a eles.
Após 11 anos, acreditamos que só agora as pessoas estão entendendo o que aconteceu, olhando para a Ucrânia. Por termos lutado contra Putin, eles disseram que éramos terroristas, nos acusaram de ser islamistas fanáticos. Mas é preciso deixar claro que na Síria estamos lutando contra o mesmo inimigo que está invadindo a Ucrânia hoje.
O que aconteceu conosco na Síria aguarda a Ucrânia. Nós estamos prontos para ajudá-lo. Embora na Europa eles recebam o povo ucraniano como refugiados e nós não somos recebidos, entendemos que isso não é culpa do povo ucraniano. Hoje devemos ser um único punho. Muitos de nós temos experiência de combate contra o invasor russo e podemos fornecer assistência militar, se necessário.
Para terminar, quero deixar claro que não há terroristas na Síria. Não somos terroristas. Somos trabalhadores e filhos de operários. Você tem que apoiar a revolução síria para entender o que está acontecendo na invasão da Ucrânia. Hoje, apoiar a Síria é a melhor ferramenta para apoiar o povo ucraniano que sofre com a invasão de Putin.
Esperamos com as forças da classe operária mundial libertar não apenas dos mais de 30.000 presos políticos que temos nas prisões daqui, mas todos os presos nas prisões dos tiranos no mundo.
Foi uma honra para mim participar deste debate. Saudações revolucionárias a todos os presentes.
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