23/03/2018
França: a guerra de classes começou
O imperialismo francês aprofunda o ataque sobre a classe operária...
Com uma grande jornada de paralizações e mobilizações os trabalhadores se apresentam à batalha
Que volte o Maio Francês!
Neste 22 de março, centenas de milhares de ferroviários, empregados estatais, estudantes, aposentados, docentes, trabalhadores de saúde, de transporte e dos serviços foram à luta. Os trabalhadores franceses voltaram a ganhar as ruas de toda França, numa jornada de luta contra o ataque do governo imperialista francês.
Sete sindicatos estatais (CGT, FO, FSU, CFTC, Solidaires, FA-FP e CFE-CGC) foram obrigados a chamar a mobilização, apesar de até o último momento se negarem a fazê-lo. Nas ferrovias apenas quatro dessas centrais (CGT, UNSA, Sud-Rail, CFDT, com apoio de FO) chamaram a greve contra a reforma do ferroviário.
O imperialismo francês investe brutalmente contra todas as conquistas da classe operária francesa, primeiro Hollande com a reforma do Código de Trabalho, depois Macron com os decretos aprofundando essa reforma, e hoje com encolhimento do Estado e a privatização das ferrovias.
A grande patronal francesa vem por tudo
Um ataque em toda regra esta se desenvolvimento contra os trabalhadores no setor público e privado.
Agora a patronal e seu governo se dispões a encolher e, portanto, despedir e fechar estabelecimentos como Ford, PSA, Carrefour, Paginas Amarelas e outros. O que aumentara o desemprego em ambos os setores, a baixa dos salários, piora das condições de trabalho e deterioro dos serviços públicos. Tudo para “diminuir o déficit fiscal”. O imperialismo francês necessita de trabalhadores escravos para que a burguesia possa competir por melhores condições e assim alcançar uma posição excepcional na Europa, e enfrentar comercialmente os Estados Unidos. Este feroz ataque está marcado com a perseguição constante dos ativistas, lutadores sociais e mantendo encarcerados lutadores da causa palestina como é o caso de Georges Abdallah.
A reforma do Estado consiste em eliminar 120 mil postos de trabalho no setor público, nos próximos quatro anos, incluindo demissões voluntárias, introduzindo o pagamento de salários em base ao desempenho. Nas ferrovias o ataque radica em eliminar o estatuto ferroviário pelo qual os trabalhadores contam com contrato vitalício (estabilidade), aumentos salariais anuais automáticos e a jubilação antecipada (graças ao regime especial). E por meio de decretos Macron quer transformar as ferrovias em uma sociedade anônima, ou seja, privatizá-las. Esta reforma é um golpe em todos os trabalhadores que sofreram com as consequências no serviço público. Além disso, se este ataque passar sobre os ferroviários deixará o caminho livre para aprofundar a ofensiva sobre os demais setores que dependem do Estado.
Assim o imperialismo francês continua aprofundando a flexibilização trabalhista para fazer seus trabalhadores da metrópole trabalhar sob as mesmas condições de exploração que impõe em suas colônias e nas quais trabalham os imigrantes dentro da França. Em fevereiro, o parlamento agregou uma emenda ao sexto decreto que modifica o Código de Trabalho, a partir da qual a patronal pode agora impor a seus empregados o regime trabalhista medido não em horas semanais trabalhadas, mas a jornada anual. Com este regime o patrão pode fazer trabalhar seus operários quando precise, até 6 dias seguidos com 13 horas diárias (ou seja, 78 horas semanais!) compensando depois com dias de repouso, quando a patronal não necessita produzir.
O imperialismo francês, com seu governo Macron, deve derrotar sua própria classe trabalhadora, tirando-lhe todas suas conquistas para ir a novas aventuras e ofensiva contra os povos oprimidos do mundo e para conseguir vantagens na produtividade do trabalho em meio à guerra comercial desatada entre as potências imperialistas.
A classe operária mostrou todos esses anos grandes forças no combate, que a cada passo foi traído pela burocracia stalinista da CGT e demais centrais sindicais, que se encarregaram de dividir e desorganizar as investidas de massas desde que elas realizaram uma grande luta contra o ataque à jornada trabalhista de 36 horas semanais em 2016. A cada ataque dos capitalistas, a classe operária respondeu com combates generalizados e uma grande predisposição à luta. Foram suas direções que a impediram de abrir caminho à vitória.
Na jornada de 22 de março se realizaram 180 manifestações em todo país com centenas de milhares de manifestantes (200 mil segundo o Estado e 500 mil segundo a CGT), mais de 50 mil em Paris: aí como em Nantes ocorreram confrontos entre jovens e a polícia que reprimiu com gases lacrimogêneo.
Houve paralização massiva dos ferroviários que cancelaram 60% do serviço, organizando-se em assembleias e com a aparição de duros piquetes de greve, votando paralizações de dois dias por cinco a partir de agora; também fizeram greve os trabalhadores da eletricidade e do gás diminuindo a produção; pararam também docentes e trabalhadores dos hospitais públicos reclamando contra o congelamento dos salários e os cortes de orçamento e pessoal; nos aeroportos de Paris a paralização também se fez sentir, como 1/3 voos cancelados enquanto outros serviços foram cortados em Montpellier, Nice e Marselha; os trabalhadores da Air France já anunciaram uma segunda greve por suas reinvindicações salariais.
22 de março, 50º aniversário do início do Maio Francês de 1968, o movimento estudantil busca seguir esse caminho
Os estudantes, acompanhando a luta dos ferroviários e dos trabalhadores estatais, se somaram nesta jornada em protesto contra a reforma do ingresso à universidade, bloqueando com barricadas os liceus e faculdades, em particular nas zonas leste e norte de Paris, onde os jovens filhos de imigrantes são mais afetados pela reforma. Várias universidades do país, como a de Montpellier, suspenderam as aulas e chamaram assembleias para decidir como seguir a mobilização contra a reforma educativa.
Neste 22 de março, a juventude expressa que sente o clima do Maio de 68. Em 22 de março de 1968 os estudantes da faculdade de Nanterre, decidiam ocupara a administração da faculdade, feito que foi o ponto de partida do movimento que no mês de maio paralisaria a França durante semanas.
Lamentavelmente esta grande greve do setor público ficou separada do setor privado, jpa que as centrais sindicais não chamaram a fazer uma jornada de greve geral unificada para enfrentar a patronal e seu governo. Agora a CGT só chama uma “mobilização interprofissional” para abril. E nos ferroviários uma paralização de 2 dias por 5 que durará três meses! Com estas medidas de desgaste, dividindo setor por setor a classe operária. Assim não se pode parar tamanho ataque!
Os “anticapitalistas” franceses e a esquerda radical como sempre pendurados nas saias do stalinismo e da burocracia sindical
Enquanto os que influenciam os sindicatos e inclusive dirigem organizações operárias como o NPA sabem – tal como eles mesmo expressam – que “o governo deseja uma confrontação global, afim de infligir (sobre o movimento operário NdT) uma derrota de amplitude que lhe permita passar um fim de quinquênio sereno e principalmente executar uma nova reforma das aposentadorias” (Periódico de 22/03/2018), dizem que a situação atual não é a que ocorria no Maio francês, que trabalhadores ainda precisam conquistar “consciência política e confiança em suas próprias forças”. Mas ainda que, os “trabalhadores expressem sua raiva, estão longe de poder ultrapassar os aparatos”. Em resumo, dizem que não há condições para desenvolver uma “greve de massas” – consigna que eles levantam – pois, os trabalhadores não estão à altura das circunstâncias! E como podem os trabalhadores ultrapassar os “aparatos” quando as direções que se auto definem como antiburocraticas e independentes os sustentam? Tal como fizeram em 2016 escondendo a traição da burocracia. Basta de enganar os trabalhadores! Os explorados franceses demonstram que a pesar e contra suas direções sozinhos, divididos setor por setor, seguem combatendo, enquanto as direções que estão à sua frente colocam paus na roda em seu combate!
Na França a classe operária mundial protagoniza uma de suas grandes batalhas contra a flexibilização trabalhista que quer impor a oligarquia financeira contra os trabalhadores do mundo.
Os trabalhadores das empresas estatais não podem ficar lutando sozinhos! Nçao se pode enfrentar o ataque fábrica por fábrica. A reforma é contra todo o movimento operários de conjunto! É preciso unificar as demandas! Começando pela defesa dos trabalhadores imigrantes que são o setor mais explorado da classe operária e que está sendo ferozmente perseguido. Papeis, casa trabalho digno e sob convenio e igualdade de diretos para todos!
O imperialismo quer impor estas mesmas reformas em todo planeta, assim revela sua ofensiva na América Latina, Argentina, Brasil. Frente a isso os trabalhadores franceses como seus irmãos latino-americanos se apresentam à batalha. Ali e na França a classe operária demonstra sua grande disposição ao combate e continua de pé.
Por isso, sobram forças para retomar o caminho que empreendido em 2016 para conquistar uma greve geral revolucionaria. Este combate não pode ficar nas mãos da burocracia sindical, que em 2016 já entregou a luta contra a lei El Khomri na mesa de negociações com o governo Hollande, e nem nas mãos das direções reformistas que a sustentaram! Nenhuma confiança na burocracia!
Com estas direções não se pode lutar! A força da classe operária está na unidade dos explorados e em suas próprias forças! Tomemos esta luta em nossas mãos para derrotar o ataque e o governo!
É preciso colocar em pé os organismos de auto-organização como os piquetes de greve e comitês por fábrica onde se organizem os trabalhadores ocupados e desocupados, os sindicalizados e precarizados, os imigrantes e refugiados.
Coordenadora nacional dos organismos de luta que centralize e coordene este combate!
Os aliados da classe operária de Paris e de toda França são seus irmãos da Argélia, Chade, Mali e de todas as colônias e semicolônias que o imperialismo francês saqueia.
Milhões de operários imigrantes são forçados a trabalhar informalmente, sem documentos. Há tempos eles estão flexibilizados. O futuro das conquistas da classe operária da França, como de toda Europa, depende de em que medida o movimento operário possa unificar suas filas para combater a ofensiva capitalista.
É que o objetivo da grande patronal não é outro que transformar a classe operária francesa e europeia em imigrantes e operários escravos em sua própria terra.
Na França: uma só classe operária! Plenos direitos aos imigrantes! Trabalho igual, salário igual! Documentos para todos já! Os imigrantes já estão flexibilizados e agora vêm por todos! Todos somos imigrantes!
Adiante com a unidade operário-estudantil em defesa da educação pública e gratuita!
Por assembleias gerais que definam uma pauta única de demandas e um plano de luta unificado! Abaixo a reforma trabalhista e todos os decretos de Macron! Abaixo o governo de Macron! Fora a V República dos piratas imperialistas franceses!
Na França e em toda Europa, de Portugal às estepes russas: um mesmo inimigo, uma mesma classe operária! Abaixo o Maastricht imperialista!
É preciso preparar um grande combate. É preciso abrir o caminho a um Maio quente que transforme as ruas da França em um inferno para os de cima: Greve Geral Revolucionária!
Que volte o maio de 68 e sua unidade operaria-estudantil, junto dos refugiados sem documentos!
Correspondente
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Asamblea de ferroviarios a la mañana en Gare de Lyon
Estudiantes en la marcha en Paris
Marcha en Toulouse
Paris
Paris
Paris
Trabajadores del hospital de la ciudad de Morlaix
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