Primeiro balanço sobre as eleições presidenciais no Brasil, dos trotskistas do Comitê Revolucionário Operário e Juvenil pela Auto-organização, aderente da FLTI-Coletivo pela IV Internacional
Sem nenhuma alternativa de luta para a classe operária e os explorados, com as fileiras operárias divididas, com a esquerda reformista legitimando a farsa das eleições burguesas...
O regime burguês começa a se fortalecer e a preparar as condições para impor ataques superiores contra os explorados.
Ganhando o PSDB ou o PT, ganha Obama, Wall Street e os parasitas
imperialistas que saqueiam o Brasil e todo o continente
No resultado do primeiro turno das eleições burguesas no Brasil ficou claro que que é o regime burguês o que sai enormemente fortalecido, contando que foram quase 10 milhões de votos em branco, e mais de 20 milhões não foram votar, os resultados mostram que 90% do eleitorado (mais de 104 milhões de votos) entraram na farsa das eleições. Dilma (Partido dos Trabalhadores) e Aécio (Partido Social Democrata Brasileiro) disputaram o segundo turno, o PT venceu porem, tendo a pior votação de um petista nos últimos 12 anos, na disputa eleitoral burguesa mais acirrada da história do país. E o demonstra o fato de que apenas em 2002 o PT ter vencido nos estados mais industrializados do país, a exceção de RJ e MG aonde, diga-se de passagem, não venceram nas capitais, o PT garantido pela esquerda reformista não venceu em nenhum local onde o proletariado industrial se concentra, nas sete cidades do ABC, berço do Partido dos Trabalhadores, o PT só venceu em Diadema e Rio Grande da Serra sem nem mesmo contar com a maioria dos votos.
Portanto, já está claro que nada de bom pode vir deste partido antioperário que já prepara o aprofundamento da entrega da nação ao imperialismo, impondo o desemprego e a miséria para a classe operária e os explorados do Brasil. Onze dias após se reeleger, Dilma já começa a “preparar o terreno” para este aprofundamento anunciando que precisará controlar a inflação e cortar despesas.
Deve ficar claro o porquê de Dilma garantir 51,64% dos votos. Todas as correntes de esquerda foram fazer seus “primeiros balanços” das eleições e pretendem explicar o inexplicável. Demonstraremos que a verdade sobre a enorme quantidade de votos recebidos por Dilma é porque os programas levantados pela esquerda não foram mais do que cópias desgastadas do programa do PT.
Como já demostramos em nossa primeira posição frente a farsa eleitoral, o programa da esquerda reformista nada tinha de anticapitalista, não era sequer minimamente anti-imperialista, mas de aberta submissão ao regime e desta forma foi a garantia de submetimento à farsa eleitoral. Porque não chamava os trabalhadores a romper com a burguesia, nem a confiar em suas próprias forças, pois foram eles os que garantiram impor as demissões, as suspensões e a flexibilização trabalhista nas indústrias onde dirigem, como ficou claro com os acordos na GM e em todas as metalúrgicas do Vale da Paraíba (interior paulista) por parte da CSP-Conlutas, como também faz a Intersindical na indústria química, como também acontece com o PCO, que convive amistosamente com a burocracia pelega da CUT nos Correios, enquanto se impõe a privatização, sem falar do PCB, sustentador acérrimo dos bolivarianos no continente, defensores de Kadafy e de seus continuadores, de Al Assad e os maiores caluniadores das massas líbias e sírias. Enquanto todos juntos sustentam a entrega de Cuba ao imperialismo.
Todos estes partidos que hoje se apresentavam com suas candidaturas e sua cobertura “vermelha” foram os que, junto ao PT, chamaram de “fascistas” os explorados que saíam ao combate em junho de 2013, quando demonstravam seu justo ódio ao grito de “NÃO NOS REPRESENTAM”. Inclusive foram essas mesmas organizações, as que no auge do movimento de massas nas ruas, sentaram com Dilma para discutir sobre o “cenário político” e para entregar todas as demandas dos explorados na mesa de negociação, sob o pretexto de que, com “projetos de lei” resolveriam os problemas dos trabalhadores, os mesmos que sustentam o “socialismo do século XXI”, “um capitalismo mais humanizado”, que “outro mundo é possível”, ou seja, toda a corja do FSM (Fórum Social Mundial). E, como dissemos, seus programas não eram mais que uma cópia desgastada do PT de Lula-Dilma, o que sustentaram desde o início e acompanharam até o final. Então, por que os trabalhadores votariam no PSOL, no PSTU, no PCO ou no PCB, se tinham o mesmo programa do PT? Não representaram nenhuma alternativa e hoje se retorcem tentando explicar o inexplicável, eles são todos “limões espremidos” do PT.
Atrás dos passos do NPA francês, a esquerda do FSM, depois de entregar os trabalhadores e cravar milhares de punhaladas em suas costas, não alcançam sequer 3% dos votos
Quando estourava A Crise econômica mundial em 2007-2008 e os parasitas de Wall Street ficavam expostos como os responsáveis das penúrias dos explorados do mundo, todos os partidos da esquerda do FSM se vestiam de “anticapitalistas”. Assim, em 2009, fundavam a reunião do Fórum Social Mundial de Belém (capital do estado do Pará no norte do Brasil) o Novo Partido Anticapitalista (NPA) da França, encabeçado pelo socialimperialista Olivier Besancenot.
Com esta cara lavada e com a nova roupagem iam às eleições na V República Francesa, conseguiam 5% dos votos, Besancenot era a estrela do NPA, e ao contrário de significar uma alternativa para os trabalhadores, foi a maior garantia para defender os interesses da V República Francesa e do Maastricht imperialista. Foi o porta-voz dos interesses do imperialismo nas colônias africanas e teve sua prova de fogo nas revoluções que sacudiram Martinica e Guadalupe (Antilhas francesas), para onde em nome do imperialismo francês viajou pessoalmente e ao grito de “os contribuintes franceses não pagarão seus aumentos de salários”, enterrou o combate revolucionário dos explorados das Antilhas e salvou o imperialismo francês do combate, defendendo ele como um verdadeiro socialimperialista a sua pátria imperialista das colônias.
Pelegaram os combates das Cités, dos explorados das Antilhas e inclusive atuaram como verdadeiros furagreves dos combates dos operários de toda a França que em 2009 ocupavam as fábricas tomando os patrões como reféns.
Depois desta entrega e enorme punhalada pelas costas dos operários franceses e dos explorados das colônias, voltaram a apresentar-se nas eleições e só alcançaram 1% dos votos, já tinha ficado claro o seu papel como sustentador dos interesses imperialistas, já tinha liquidado as ações das massas.
É justamente atrás dos passos do NPA que vão as correntes da esquerda do FSM no Brasil. Quando a classe operária brasileira começava a romper pela esquerda com o regime burguês, e começavam a se desenvolver enormes ações da classe operária como refração da revolução argentina de 2001. Estas correntes da esquerda reformista apresentavam suas candidaturas de “esquerda” encabeçadas pelos “dissidentes do PT”: Heloísa Helena, Babá e Luciana Genro. Nas eleições de 2006 os candidatos da esquerda tiraram milhares de votos, para no segundo turno chamar a votar “criticamente” em Lula, com a desculpa de que “os trabalhadores façam a experiência”. Assim desde o Fórum Social Mundial impunham a Frente Popular (uma verdadeira frente de colaboração de classes entre os partidos patronais e as direções das organizações operárias, todos dirigidos pelo imperialismo) com Lula-Alencar à cabeça, sustentado pelo “Pacto Social”.
A “experiência” que os trabalhadores faziam os levava a romper constantemente com o governo de Lula,que não fazia mais do que entregar a nação ao imperialismo e garantir os maiores lucros da história da burguesia e das transnacionais, como o próprio Lula se encarregava de deixar claro publicamente. Assim o proletariado brasileiro dava enormes giros à esquerda, enormes camadas rompiam com a burocracia da CUT e do PT, depositavam toda a confiança em suas próprias forças e nos partidos que falavam de socialismo e fundavam suas próprias centrais sindicais, surgiam a Conlutas e a Intersindical.
Em 2006 ao se apresentarem nas eleições com a bandeira da “Frente de Esquerda” (PSOL, PSTU e PCB), tendo Heloísa Helena como candidata à presidência, os resultados os colocaram em terceiro lugar, tiraram 6,85% dos votos. E esta mesma Heloísa Helena não demorou em ser desmascarada: colocou-se como a porta-voz do arquireacionário parlamento burguês quando os Sem Terra o ocupavam, os expulsou dizendo que “A Constituição proibia” e que “Nada pode ser feito além daquilo da legislação em vigor no país”.
Tudo isto teve o aval da Frente de Esquerda. Dali até os dias de hoje não pararam as punhaladas pelas costas dos trabalhadores e dos explorados do país, do campo e da cidade. A Intersindical e a Conlutas, sob a direção do PSOL e do PSTU respectivamente, se converteram em pequenas CUT's estatizadas.
Começaram este caminho em direção ao precipício quando juntas no CONCLAT de 2010 se negaram a levar adiante a moção dos fabris de La Paz (Bolívia) que levantava que “Deve-se enfrentar os bolivarianos e os que sustentam eles”, seu argumento para se negar a realizar esta ação era que “não estamos aqui para enfrentar os bolivarianos, estamos senão, para exigir deles que avancem em suas promessas, devemos exigir de Chávez que avancem no socialismo”.
Hoje são os encarregados, desde “suas” centrais sindicais, de assinar os acordos com a patronal, ficando historicamente como centrais pelegas, desmoralizando o melhor do proletariado industrial. Hoje não são votados nem sequer pela base das centrais que dirigem.
Agora para lavar a sua cara, chamaram, como fez o PSTU e a LER-QI, a votar nulo no segundo turno, pois “É nas lutas que vamos mudar o Brasil para assegurar vida digna para os trabalhadores e para o povo pobre” (http://www.pstu.org.br/node/21079), quando a verdade é que em junho de 2013 as massas levavam suas demandas para as ruas e demonstravam uma enorme disposição a luta, e o PSTU dizia que aqueles “não eram os métodos da classe trabalhadora”, que o momento era de fazer pressão para que Dilma fizesse leis que protegessem o trabalhador e garantisse os investimentos. Agora chamam a votar nulo, falando que o PSDB por representar os interesses dos banqueiros e das grandes empresas, não pode ser uma alternativa para os trabalhadores, e que o próximo momento será de “mais ataques aos direitos dos trabalhadores” , e que “Vai ser assim num eventual governo do PSDB, mas, infelizmente, pelo que se viu nos últimos 12 anos, também n u m g o v e r n o d o P T ” ( h t t p ://www.pstu.org.br/node/21079, grifo nosso), ou seja, além de estarem lamentando o fato do PT estar descoberto diante das massas, tentam lavar sua cara da responsabilidade de terem sustentado, “pelo que se viu nos últimos 12 anos”, o PT pela esquerda. Ou seja, quando o momento era para “lutar” a esquerda negociou e agora depois de não terem chance de entrar no parlamento, chamam a “lutar”, mas, não demonstram qual é o caminho. E nem sequer falam do resultado eleitoral estar totalmente submetido aos interesses de Wall Street.
Esta “luta” chamada para depois das eleições pelo PSTU-Conlutas, é nada mais nada menos do que a continuação do que vinham fazendo antes; pressionar o governo para garantir leis que proíbam a demissão.. que lástima!! 5 dias após a reeleição de Dilma a Csp-Conlutas organizou um ato na frente do Salão do Automóvel de SP, com os operários da GM de São José dos Campos e de São Caetano do Sul, com a reivindicação de que “Além da estabilidade no emprego, a categoria também reivindica redução da jornada de trabalho, adoção de um Contrato Coletivo Nacional e proibição da remessa de lucros das empresas para suas matrizes no exterior.” (http://www.pstu.org.br/node/21121) que mentira!!! Se são eles próprios que garantiram a entrega e submissão dos trabalhadores no acordo vergonhoso que assinaram, garantindo demissão, arrocho salarial e aumento da jornada de trabalho, agora querem lavar a cara para continuar entregando os trabalhadores e garantindo assim os super lucros das transnacionais. Por isso chamamos a base da Csp-Conlutas e da Intersindical à romper com esta política de submetimento que suas direções impõem, e que todos os trabalhadores empregados e desempregados do país se unifiquem para barrar estes acordos e lutar por emprego, salário e vida digna!
A FIT (Frente de Esquerda e dos Trabalhadores) depois de entregar os trabalhadores da Argentina deve olhar no espelho do resultado eleitoral do Brasil
Os trabalhadores do Brasil e da Argentina não podem abandonar a luta, devem romper a submissão que a esquerda reformista junto a burocracia impõe, e juntos devem gritar
ELES NÃO NOS REPRESENTAM!
O regime brasileiro se fortalece com as eleições presidenciais, as forças do proletariado ficaram dispersas. O mesmo acontece na Argentina, onde os parlamentares da FIT seguem em sua corrida parlamentar e sem nenhum escrúpulo apresentam projetos de leis com a “oposição” gorila, os mesmos que massacraram a Patagônia Rebelde, os que historicamente esmagaram o proletariado, os que expulsamos em 2001.
Se hoje os partidos de esquerda do Brasil não representam os interesses dos trabalhadores, o FIT deve se preparar para sua “retirada ordenada” do parlamento, pois já jogaram este nefasto papel, devem se olhar no espelho do PSOL e do PSTU no Brasil.
Por mais que o PSTU agora diga que “luta pelo socialismo”, isto é uma verdadeira amálgama, pois sua política “socialista” é de submetimento ao regime burguês, porque nem sequer chamam a romper com a burguesia, não chamam a unidade dos explorados do Brasil e da Argentina, assinam acordos com as transnacionais e se sentam para negociar as demissões dos trabalhadores. O PSOL chama a votar em Dilma. Estão dispostos a se espremerem até sua última gota de suco. Enquanto continuam dando as costas à maioria dos trabalhadores que não estão em nenhum sindicato, que não têm nem documentos, que não aparecem em nenhuma estatística, a estes 70 milhões de párias do campo e da cidade.
É que sua política no Brasil e na Argentina, não são “nacionais”, são políticas internacionais votadas e centralizadas neste covil de bandidos que é o Fórum Social Mundial, onde estão todos os que salvaram o capitalismo de sua Crise, os que submeteram o proletariado e desviaram seus combates revolucionários, foram os que ressuscitaram o Lázaro stalinista dos Partidos Comunistas, para que estrangulem a revolução e entreguem Cuba ao imperialismo. Agora são estas correntes de renegados do trotskismo os que tomam a frente e cumprem este nefasto papel.
É que na realidade não estão na eleições para “tirar votos”, estão para tirar a classe operária das ruas, para entregá-la na mesa de negociação, para gerar ilusões nas leis burguesas, para dizer que tudo pode ser resolvido com ações de colaboração de classes. BASTA!
A esquerda reformista de renegados do trotskismo são os responsáveis das penúrias das massas. ELES NÃO NOS REPRESENTAM! A classe operária argentina e brasileira deve colocar-se de pé novamente. Os partidos patronais e seus serventes do regime burguês da esquerda reformista merecem um novo 2001, merecem que avancemos pelo caminho que marcamos nas ruas em 2013. Os ataques contra os trabalhadores não vão esperar. Não há mais tempo a perder! Deve-se romper com o submetimento à burguesia de nossas organizações de luta! Para poder lutar e triunfar deve-se romper com o Fórum Social Mundial! Chega de “Ordem e Progresso” para os exploradores! A classe operária deve colocar-se de pé! Os explorados da cidade e do campo, das favelas militarizadas e do latifúndio escravista devem tomar o centro da cena! A base da Conlutas e da Intersindical deve romper com essa política de submetimento que suas direções, PSTU e PSOL, impõem! Devem unir suas fileiras com todos os explorados do país! Se ganha Dilma ou Aécio, ganha Wall Street, Obama e os parasitas imperialistas! Deve-se conquistar um Congresso Nacional de Operários empregados, desempregados, Camponeses Pobres e Estudantes Combativos, com delegados de base de todas as fábricas e estabelecimentos do país, para golpear com um só punho a patronal escravista, os parasitas imperialistas e derrotar os burocratas que submetem n o s s o s i n t e r e s s e s a o s e x p l o r a d o r e s !
A libertação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores!
CROJA, São Paulo, Brasil
Aderente da FLTI-Coletivo pela IV Internacional |